Los Toperas

Jornalismo, videogames e seres abjetos

25 junho 2006

[histórico] Sincronicidade


O psicanalista suíço Carl Jung (1875-1961) acreditava que não existem coincidências: o que existe é uma espécie de sintonia que faz com que as mesmas idéias surjam em lugares e contextos diferentes.

A pior parte de elaborar uma revista em 1 ano inteiro não é tomar cuidado em não datar os textos ou ter que correr atrás de pautas frias, mas justamente ver as nossas idéias caindo por terra e sendo usadas antes pelas "concorrentes".

Desde o começo do ano tínhamos a idéia de criar uma capa inspirada no design dos antigos pôsteres soviéticos, para simbolizar o caráter revolucionário da entrada da Microsoft e, espera-se, da Nintendo no mercado brasileiro em 2007. Algo que unisse os mascotes de cada uma das empresas com um conceito do tipo "videogames para todos"... Qual não foi nossa surpresa ao ver a capa da edição de abril da EGM Brasil: nossa idéia concretizada (e muito bem concretizada) de forma quase idêntica! Mascotes e tudo.

Não parou por aí. A idéia da seção "Pixels Mortos", que trará games que não chegaram a ser lançados, surgiu quando eu lembrei que, anos atrás, a Nintendo costumava manter no seu site todos os meses uma lista de games que haviam sido cancelados naquele mês - e era uma senhora lista. Vasculhando edições antigas da Eletronic Gaming Monthly americana, o Claudio e o Alexei toparam com uma seção muito semelhante chamada "Games que você nunca vai jogar", ou algo do tipo...

Depois de escrever o texto sobre games políticos e sociais, sabendo que era um assunto que a imprensa brasileira ainda não explorara, eis que o caderno Informática da Folha de S. Paulo de 14/06 estampa na capa a influência dos "games sérios" na indústria dos games... Não acho que ninguém aqui queira dar algum furo ou algo assim, mas de fato é um pouco irritante...

Mas o mais irritante estava por vir. Descartado o conceito do design soviético na capa, foi idéia do Claudio usar o mesmo estilo para ilustrar o texto sobre as desenvolvedoras independentes entrando no mercado através do Wii (cujo nome antigo, aliás, era Revolution). Criei então uma montagem com vários punhos erguidos, o maior deles segurando o revolucionário joystick do novo console.

No DIA SEGUINTE após eu mostrar o resultado para o grupo, o Claudio me envia por e-mail a capa da edição de agosto deste ano da Nintendo Power, a revista americana oficial da Big-N. Na ilustração descoberta por ele, um punho fechado segurando o "Wiimote", numa composição semelhante. Um caso de espionagem internacional ou um episódio de estudo para junguianos?

Só para deixar registrado, estamos pensando em criar uma capa usando bonecos dos personagens marcantes de cada console. Se alguém usar nossa idéia até o final do ano... Bom, que diabos, pelo menos sabemos que nossas idéias não são tão ruins assim.